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“algumas milhas do mar e as árvores confirmam quanto tempo, portanto, as coisas têm permanecido: nós então entramos na floresta, blocos de quartzo – depois de algumas milhas de distância chegamos a hospedagem de Campos Novos – em um campo aberto. Uma agradável mudança: com clima ameno de apenas 23.°”
Charles Robert Darwin – 1832
Em 1831, o jovem Charles Robert Darwin, então com 22 anos foi indicado para participar de uma expedição científica a bordo do navio de pesquisa da Marinha Real Britânica ao redor do mundo. Sua missão seria observar, registrar e coletar tudo o que achasse interessante, incluindo fauna, flora e geologia, nas terras visitadas pelo navio.
Depois de deixar a Inglaterra em 27 de dezembro de 1831, o Beagle, barco no qual viajava Charles Darwin, chegou ao Brasil em fevereiro de 1832. Antes de aportar em Salvador, fez uma passagem rápida pelo arquipélago de Fernando de Noronha e, em 29 de fevereiro, chegou à capital baiana, onde ficou até 18 de março.
Em 5 de abril, chegou ao Rio de Janeiro. Neste ponto da viagem, Darwin ficou sozinho no Rio, pois o Beagle teve que retornar à Bahia para refazer algumas medições cartográficas. Darwin residiu, então, em Botafogo e fez pequenas expedições pela Floresta da Tijuca, Jardim Botânico, Penha e Gávea. Subiu o Corcovado e foi caçar na Fazenda dos Macacos – hoje, bairro de Vila Isabel. Visitou também o Museu Nacional – que naquela época chamava-se Museu Imperial e funcionava no Campo de Santana, Centro do Rio.
A cavalo, Darwin e uma comitiva de seis homens empreenderam uma viagem de 16 dias, entre 8 e 24 de abril, até Conceição de Macabu, a 227 km da capital
Darwin viajou pelo norte fluminense subindo a serra da Tiririca, em Niterói; passou por Maricá, Saquarema, Araruama, São Pedro da Aldeia, Cabo Frio, Barra de São João, Macaé, Conceição de Macabu, Rio Bonito e Itaboraí. Em alguns desses lugares, pode-se ainda ver as mesmas construções e paisagens que o naturalista descreveu em seu diário de viagens.
Entre 10 e 11 de abril de 1832, Darwin chega a Campos Novos. No retorno ao Rio de Janeiro, passa novamente pela fazenda. Em suas anotações nos revela a diversidade natural encontrada no local.
Geologicamente, a fazenda está localizada sobre os depósitos sedimentares da Formação Barreiras, na área interpretada como sendo paleofalésias, ou seja, antigas linhas de costa erodidas pelas ondas. Ela ocorre desde o Amapá até o estado do Rio de Janeiro. Na nossa região, teve sua origem interpretada como depositada em ambiente fluvial, ou seja, depositada por rios quando o nível do mar era mais baixo, que o atual possivelmente entre 10 e 2,5 milhões de anos atrás. É caracterizada por depósitos arenosos e argilosos de cores variadas, normalmente muito ferruginosos, intercalados com leitos de cascalhos e blocos arredondados de quartzo branco, leitoso.
Hoje, a Fazenda Campos Novos encontra-se a cerca de 4,7 km do mar.
O mineral branco leitoso que observamos como blocos recebe o nome de QUARTZO.
O quartzo é um dos minerais mais abundantes na superfície da Terra. Por sua resistência à alteração, seus grãos são retirados das rochas pela erosão e transportados até as porções mais baixas da região. Por isto ele é o mineral encontrado em maior quantidade nas areias da praias.
Seu cristal tem a forma de um prisma com 6 lados e sua composição é SIO2 (Dióxido de Silício).
Ele é muito usado na indústria, especialmente na fabricação de vidros e lentes. Também, dada sua propriedade de produzir energia quando pressionado (denominada plezoeletricidade), é usado na fabricação de eletrônicos e relógios.
Para responder estas perguntas, precisamos recorrer à Geologia, que é a ciência que estuda a Terra, seus materiais (minerais, rochas e fósseis) e sua lenta evolução ao longo de 4,5 bilhões de anos.
O quarto é um mineral muito comum na superfície da Terra. Este mineral é bastante resistente à ação dos intempéries (chuva, vento, ação das ondas do mar e águas dos rios, além de geleiras) e este processo é chamado de intemperismo. Por ser resistente é encontrado com muita frequência na areia nas praias e dunas, bem como em cascalhos nos leitos dos rios.
Nas rochas da região de Cabo Frio pode-se observar o quartzo em veios atravessando rochas mais antigas. Quando estas rochas são alteradas o quartzo pode se acumular. Na época em que a Formação Barreiras estava se formando, o nível do mar estava muito baixo e os rios da região corriam trazendo cascalhos em direção à planície. Assim se formaram os depósitos de cascalho que observamos no entorno da Fazenda Campos Novos e que Darwin descreveu. Observe que o quartzo ocorre em fragmentos arredondados, típicos dos depósitos fluviais.
Fonte: Geoparque Costões e Lagunas do Rio de Janeiro.
“A Terra levou alguns bilhões de anos para construir as rochas, os minerais, as montanhas e os oceanos. Proteja esta obra-prima!”
-Para mais informações sobre o GEOPARQUE, acesse o link:
1.Geoparque Costões e Lagunas do Rio de Janeiro
2.1845 – Darwin’s Naturalist’s Voyage 2 edition – Countries visited during the voyage of H.M.S. Beagle around the World
3.BBC
Cabo Frio é um grande centro turístico com vasta rede de hotéis e pousadas para turistas nacionais e estrangeiros aproveitarem suas belezas naturais. As praias são famosas pela areia branca e fina. O clima tropical, onde o sol brilha forte o ano inteiro e quase não chove, estimula fortemente o turismo na cidade.